Os dilemas da TI

O que mais tem na infraestrutura são discussões, que podem ser acaloradas, com ofensas veladas ou explícitas, pedidos de pastéis exóticos entre outras coisas que a TI permite.
A TI traz uma falsa liberdade. É tudo tão aleatório que a maior dificuldade é padronizar o que se entrega. Computadores são eletrodomésticos que usamos em casa e no trabalho e isso é difícil separar. Em casa todos fazem o que querem, mas na empresa não, e as pessoas insistem em fazer. Aqui entram as diretivas de sistema, ou políticas, que servem para controlar as pessoas, não o computador.

Leis que não são leis

O grande problema na TI é a falta de legislação (com multa e cana). É tudo tão solto que grupos de pessoas mais sensatas se organizaram para lançar boas práticas.
ITIL, COBIT, NIST, Mitre, CIS, PCI, entre tantas outras siglas, servem para corrigir esse grande erro, mas não são leis.
Tais orientações são muito boas e bem aceitas por quem entende que é preciso controlar essa liberdade. Mas é muito difícil implementar. O que parece bom hoje não será amanhã, pois é preciso abrir mão de estratégias. Como explicar que um pedido exótico terá consequências, que não afetam as vida de quem fez o pedido exótico?
Quem tem boleto para pagar atende o pedido e a vida segue.

Diversidade ruim

A TI nasceu livre. Como se faz para amarrar de volta? Se a sua vivência profissional lhe permite, faça uma comparação com outros ramos, como indústria, agro, saúde, transporte. Veja se há tamanha diversidade nessas áreas. Imagine o oba oba da infraestrutura aplicado ali. Dá certo? Coloca um parafuso a menos na roda de um caminhão ou faz um conserto rápido na esteira da linha de produção, só para testar uma coisinha.
A TI permite isso. Configura-se o suficiente e, com isso, parte da infra fica exposta e à disposição de quem souber explorar. Tal exploração pode ser interna ou externa, pode levar a problemas que mesmo que sejam resolvidos rapidamente, a solução pode ser tardia. Nesses casos temos insiders ou ação externa por hacktivismo, por exemplo.
Pode ser apenas um erro bobo ou sabotagem, mas não é aquela por questões financeiras ou alienação de pessoas tolas para praticar vandalismo, geralmente convencidas por alguma ideologia fajuta proveniente de algum plano de poder econômico. É apenas a prova de que uma atenção adequada deveria ter sido dispensada no início.

A tecnologia surgiu para resolver problemas que antes não existiam.

Hardware e software são lançados diariamente, e de bônus entregam problemas para serem resolvidos. A sociedade aceita isso numa boa porque consegue extrair algo bom (lucro). Pode-se pensar que empresas que conseguem vender serviços a preços mais elevados podem pagar por pessoas mais especializadas. Às vezes acontece, mas a realidade é outra.
Aqui entram os pedidos exdrúxulos para ontem. Também é quando tentamos explicar a diferença entre um projeto e um pastel. Fique a vontade para imaginar as consequências que virão, ou talvez que você já tenha presenciado.

Inteligência emocional ajuda?

Você respira, conta até dez, e tenta assimilar de uma maneira diferente o episódio ruim, buscando a melhor maneira de resolver o conflito, sem ofensas (mesmo que tenha recebido uma). Não importa cargo aqui, mas o boleto pra pagar.
Graças a flexibilidade da TI, reuniões pode levar para a mesa os problemas para serem resolvidos e quando os conflitos de interesse chegam junto, vira guerra. Será que as pessoas com auto controle saem felizes? Será que houve mesmo um ganha-ganha na negociação e todo vão deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilamente?
Talvez explique o que chamam de burnout e a rotatividade na TI, algo que acredito ter a participação das pessoas que se portaram como aqueles que deram um basta em A revolta de Atlas, de Aya Rand. Se não leu fica a dica.

É a sua vida em jogo

Olha para a infra da empresa como se estivesse em um chão de fabrica, um tribunal, um PS, uma fazenda, etc. Preste atenção as regras. Aonde não existe legislação, adapte as boas práticas e não permita desvios.
Se está começando agora, boa sorte.

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